Ara a Marte – Datação:I d.C. – II d.C. – Época Romana – Torre de Palma – M(arcus) . COEL[IVS] / CEL[S]VS / MARTI / A(nimo) L(ibens) Tradução: Marcus Coelius Celsus, a Marte, de bom grado. (José d’Encarnação)

Março, foi o primeiro mês do ano, no antigo calendário romano. No mês de Março, dava início a vida agrícola e marcava também as navegações e o retorno às campanhas militares. O mês celebrava o deus Marte e a ele deve o nome.

Baixando um pouco a lança e o escudo, chega, Ó Marte. / Solta, ó Guerreiro, do elmo a cabeleira. / Talvez perguntes por que o poeta invoca Marte: / do mês que eu canto o nome vem de ti. / Tu próprio vês co’a mão Minerva fazer guerras; / mas nas artes domésticas descansa? / Ao seu exemplo, marca o tempo de abaixar / os gumes; acha inerme o que fazeres. (…)

Que as Calendas de Março eram do ano as primeiras, / na mente os sinais podes perceber. / O loureiro que o ano inteiro ornou os flâmines / é tirado, e são postas novas folhas; / verdeja, então, de Febo a árvore nos umbrais, / e também nos portões da velha Cúria. (…)

Porque o Inverno enregelante, enfim, termina, / e ao morno sol derrete a caída neve, / a folhagem retorna às desbastadas árvores, / crescem nas vinhas brotos suculentos, / o mato, há muito oculto, agora ergue-se aos ventos / e acha fértil caminhos escondidos. / Fecundo agora é o campo, os rebanhos procriam, / num galho a ave prepara abrigo e ninho. / Tempos fecundo as latinas mães cultuam, / o parto delas tem dever e votos.[1]

(vv. 1-8;135-140 e 235-238)

Bellice, depositis clipeo paulisper et hasta, / Mars, ades et nitidas casside solve comas. / forsitan ipse roges quid sit cum Marte poetae: / a te qui canitur nomina mensis habet.[2]

Ó guerreiro, deixando um pouco o escudo e a lança, / Ó Marte, Vem e solta a cabeleira brilhante do elmo. / Talvez tu próprio perguntes o que tem poeta com Marte: / o mês que canto tem o teu nome.

neu dubites primae fuerint quin ante Kalendae / Martis, ad haec animum signa referre potes. / laurea flaminibus quae toto perstitit anno / tollitur, et frondes sunt in honore novae; / ianua tum regis posita viret arbore Phoebi; / ante tuas fit idem, Curia prisca, fores.[3]

E para que não duvides que as Calendas de Março foram as primeiras, / podes prestar atenção aos seguintes sinais. / O loureiro que todo o ano permaneceu com os flâmines / é tirado, e novas folhas surgem em honra; / Então, verdeja a porta do rei com a árvore de Febo; / o mesmo se fazia diante das portas na velha Cúria.

quid quod hiems adoperta gelu tum denique cedit, / et pereunt lapsae sole tepente nives; / arboribus redeunt detonsae frigore frondes, / uvidaque in tenero palmite gemma tumet;[4]

Porque então, por fim, termina o inverno coberto de gelo / e desaparecem as neves derretidas com o tépido sol / e voltam às árvores as folhas cortadas pelo frio / e cresce o rebento húmido no raminho tenro da videira.

[1] In Ovídio – Os Fastos – tradução de Márcio Meirelles Gouvêa Júnior, Autêntica CLÁSSICA, vv. vv. 1-8;135-140 e 235-238.

[2] Ovídio – Os Fastos – vv.1-4.

[3] Idem, ibidem – vv.135-140.

[4] Idem – vv.235-238.