Com esta nova edição do Dia Mundial para a Cultura Africana e Afrodescendente, a UNESCO deseja honrar e destacar estas culturas, na sua diversidade e atualidade.
Dos tambores do Candombe à cidade de pedra de Zanzibar, para mencionar apenas os bens classificados como património material e imaterial, as culturas da África e da diáspora teceram formas únicas de pensar e sentir, de vivenciar e expressar, através dos séculos e dos continentes.
Constantemente revisitado, reinventado e reinterpretado, este património alimenta uma criatividade cultural particularmente viva, simbolizada, por exemplo, pela crescente indústria musical Haitiana ou pelo florescente cinema nigeriano.
Em todo o mundo, concertos, performances e exibições permitem-nos descobrir e explorar estas culturas de infinita riqueza, simultaneamente surpreendentes e inspiradoras; mas também prestar homenagem ao trabalho de todos os artistas e criadores que transmitem e renovam estas culturas.
Numa altura em que estão a passar por imensas dificuldades ligadas à pandemia e à profunda crise que esta provocou no setor cultural, é mais vital do que nunca fazer ouvir as suas vozes.
Não se trata apenas de uma questão económica, porque destes artistas dependem vias de desenvolvimento muito promissoras; trata-se também de uma questão antropológica, porque seria dramático se a crise social e económica os silenciasse.
Tal significaria amputar toda uma área da cultura humana e privar-nos dos meios para superar a crise. Pois para reconstruir de forma diferente e melhor, vamos precisar da força inspiradora da cultura. É este o propósito do movimento mundial de debates Resiliart lançado pela UNESCO, que tem conhecido um grande êxito em África, nas Caraíbas e na América Central e do Sul, onde as culturas afrodescendentes são particularmente importantes.
A promoção das culturas africanas e afrodescendentes é ainda mais crucial pois a crise global exacerbou todas as tensões das nossas sociedades. No entanto, estas culturas são fonte de orgulho, oferecem respostas e são capazes de curar as feridas mais íntimas. Este é o objetivo do trabalho levado a cabo pelo Gabinete de São José, que está a trabalhar o mais estreitamente possível com as escolas e com os museus para mostrar a importância das culturas afrodescendentes na história e identidade da região. É também o foco dos nossos programas da Rota do Escravo, que promovem a compreensão das causas e consequências da escravatura e esclarecem os mecanismos do racismo e da estigmatização.
Neste início do ano de 2021, que os chefes de Estado africanos declararam Ano das Artes, da Cultura e do Património, este Dia Mundial é, portanto, uma oportunidade para promover as culturas africanas e afrodescendentes, para que possam desempenhar plenamente o seu papel em prol do desenvolvimento e da paz.